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Haviam 28 oportunidades prestes a serem perdidas
Na pequena cidade onde moro, daquelas em que o nome do dono da loja vale mais que o logo estampado na fachada, existe um comércio tradicional. Uma referência. Conheço o dono de longa data, e por isso, não hesitei em procurar o serviço dele quando precisei resolver um problema em casa. Sabia que o trabalho seria bem feito, o preço justo e o atendimento, no mínimo, acolhedor. Pelo menos era o que eu esperava.
Na véspera, mandei uma mensagem para o WhatsApp da loja pedindo um orçamento. Nada complexo, uma dúvida simples. Esperei. Nada. No dia seguinte, resolvi ir pessoalmente.
— Resolvi vir até aqui porque mandei mensagem ontem e não obtive resposta, comentei, assim que fui atendido.
Ele sorriu, meio encabulado:
— Eu olho o WhatsApp só no fim do dia. Preciso priorizar o atendimento presencial, né?
Como temos intimidade, fui além da conversa superficial.
Perguntei:
— Quantas pessoas vêm aqui pedir orçamento por dia?
— Umas 10, respondeu, convicto.
— Abre o WhatsApp aí pra gente ver uma coisa?
Ele topou, curioso. Na tela, 28 mensagens não lidas. Vinte e oito.
— Vamos ver quantas são de orçamento?
Metade. Mais da metade, na verdade. Gente pedindo informações, querendo saber preços, prazos, condições. Clientes em potencial, dinheiro na mesa. Todos ignorados, ao menos por um tempo considerável.
E isso num cenário em que ele próprio vinha reclamando que o movimento estava caindo, que concorrentes de outras cidades estavam “roubando” os clientes. Ora, por que será?
A loja é impecável. O serviço é de qualidade. O preço é competitivo. A reputação é sólida. Mas tudo isso perde força diante de um obstáculo banal e, ao mesmo tempo, devastador: o silêncio.
Num mundo onde a resposta rápida virou sinônimo de profissionalismo, demorar para responder uma mensagem pode significar a perda de uma venda. Um cliente que espera é um cliente que procura outra opção. E quem não responde, se apaga, mesmo que tenha décadas de tradição.
A reflexão é inevitável: quantos negócios, assim como esse, estão ruindo não pela má gestão, não pela crise, nem pelos concorrentes, mas pela incapacidade de ouvir o cliente no tempo certo?
A tecnologia não é inimiga. O WhatsApp, os e-mails, os formulários online, são extensões da porta de entrada da loja. Ignorá-los é o mesmo que deixar alguém esperando no balcão, em silêncio, até desistir.
Tradição, qualidade e bons preços ainda são valiosos. Mas, hoje, nada disso sustenta um negócio sem uma comunicação eficiente. O mundo mudou, e quem não escuta, simplesmente não é mais ouvido.
Autor: Patrícia Loureiro Steffanello
Sócia-fundadora da Life Marketing e Comunicação
Copywriter, Especialista em Neuromarketing e Marketing Estratégico
@patisteffanello | 💼
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